Em 1946 comecei a passar férias no Rio. O Joaquim já namorando a Maria Lygia levou o Gabriel a me apresentar as 3 irmãs Capistrano como eram conhecidas, na igreja de S .João Batista. Como “casamento e mortalha no céu se talha” já olhei com carinho minha futura mulher. Conversamos, fomos a praia e veio convite dela para visitar Petropolis. Mais conversa, até mesmo sentados no meio fio da Piabanha, que tinha pouco transito, assuntos claramente transcendentais...
Voltei ao Rio em ferias em 1947 já bastante impressionado mas em 1948 meu pai foi transferido para a Vila Militar no Rio e eu decidido a prestar concurso para a Escola Militar passei a estudar furiosamente e não vim mais a cidade, deixando de encontra-la. Lembro-me que as meninas iam me chamar para jogar tênis etc e eu, mandava dizer que não podia, com tremenda força de vontade...
O regime de estudo era: de 8 as 12 na mesa, de 12 as 1230 ginastica e após o banho e almoço até as 5 na mesa. Folgas só aos sábados e domingos.
Passando no exame acabei arranjando uma namorada sete anos mais velha do que eu, para desespero de minha mãe e não vi mais minha futura mulher, embora já fosse firmemente dona de meus pensamentos.
Assim, ao sair Aspirante mandei convida-la para a cerimonia na AMAN e ela foi. Voltamos juntos, de trem. Estavamos em 14 de dezembro de 1951.
Convidei-a para o baile de formatura, dançamos e já me sentia feliz. Passeamos no Rio e em Janeiro já eramos namorados.
Mas não era fácil. O sogro, severíssimo, chegou a sugerir a ela que se sentasse em uma poltrona em vez de ficar ao meu lado no sofá... Ele ficava o tempo todo na mesa da sala jogando paciência, de olho. De vez em quando entrava rapido na saleta em que estávamos para olhar pela janela...
Mas havia um problema: eu estava classificado em Campo Grande MT e queria ir noivo para lá.
Embora suspeito para falar não posso deixar de dizer que ela era uma mulher extraordinária em muitos aspectos, e neste em particular mostrou a firmeza que adornava seu caráter.
Com 30 e poucos dias de namoro perguntei-lhe se queria se casar comigo. Resposta positiva, tocou horror na família. Ficaram todos de cabelo em pé contra nós dois... O sogro chegou a escrever para os padres pedindo socorro. Mas não houve jeito.
Sai sozinho com ela, pela primeira vez, para comprar as alianças...
Ficamos noivos no aniversario dele em 12 de fevereiro de 1952, tendo meu pai solenemente pedido a mão dela para mim.
Fato para mim inesquecível, ela deu-me um Missal com carinhosa dedicatória, que usei muito em Mato Grosso. Ainda hoje, já velho, eu o guardo com devoção.
Pouco depois parti para Campo Grande, terra que naqueles tempos era ainda bastante selvagem. Tiroteios na rua não eram incomuns.